Jun 11, 2008

Pauta Coreográfica escrita por Alfredo Martins


uma garrafa pousada sobre o chão a correr pensar que a tampa apesar de todas as evidências não é azul nem circular como a luz chegar até ao ponto máximo de alongamento em corpo plástico sobre um chão impreciso a espera a boca cheia de água um corpo metálico a espera infinita uma boca cheia de chão os pés mais perdidos do que pés um magma morno plastificado translúcido uma plasticina sonora murmurante escorre docemente pelas paredes correr de pés abertos o pó dentro das unhas mais esta sensação as árvores também seguem mais luz do que vegetação escrever apesar de ser gago tropeçar nas palavras até naquelas que repito religiosamente como o pai nosso que estais no céu santificado seja o vosso nome de plástico ou plastificado protegido santificado o vosso reino hoje talvez sinto-me um pouco grave um pouco próximo trazido até aqui por esta dor uma dor pequena que me atravessa a mão direita posso parar posso parar posso parar tento concentrar-me no desenho de cada letra tento concentrar-me nos losângulos translúcidos da superfície sobre os meus olhos. 

Alfredo Martins